quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ferrock 2009

O tradicional Ferrock, em Ceilândia, reúne fãs de metal e abre espaço para novas bandas

Marina Severino

Publicação: 02/11/2009 11:05

"Quero agradecer a todos aqui presentes, especialmente àqueles com a camisa do Ramones", começou Márcio Pika, vocalista da banda de punk hardcore Os Maltrapilhos, no palco do 24º Festival de Rock de Ceilândia, o Ferrock, no sábado. No encontro de metaleiros, entre fãs de punk rock, trash, grind, e stoner metal, Ramones parecia ser a unanimidade. "Eles merecem uma categoria à parte. Não podem ser classificados em nenhum outro estilo", sentenciou o serralheiro Fábio Duarte, 33, fã de heavy metal "desde os 10 anos de idade".

A banda Os Maltrapilhos, de Ceilândia, ajudou a esquentar o clima durante o Ferrock, no centro da cidade - (Iano Andrade/CB/D.A Press)
A banda Os Maltrapilhos, de Ceilândia, ajudou a esquentar o clima durante o Ferrock, no centro da cidade
Nesse clima, as pessoas começaram a se amontoar em frente aos dois palcos do Ferrock - à esquerda, o P Norte, à direita, o P Sul - e homenageavam a efervescência cultural dos setores do Distrito Federal na arena montada na Praça do Trabalhador. O início das apresentações, marcado para as 15h, atrasou em consequência da chuva, que não afastou o roqueiros amontoados na arquibancada para assistir de camarote à passagem de som. Os portões se abriram às 17h e o pop rock da banda São Três deu as boas-vindas aos presentes.

O público mirrado assistiu tímido aos primeiros shows, mas logo se animou. O terceiro grupo do Distrito Federal a se apresentar, Black Bulldog, empolgou os metaleiros em um corajoso e bem-sucedido cover de Ramones. Entretando, as estrelas só iriam chegar às 19h30: as bandas nordestinas Barba de Gato (AL), Karne Crua (SE), Expose Your Hate (RN), Decomposed God (PE) e Obskure (CE). "Eles são os grandes reis da noite. Têm um trabalho de sucesso em suas cidades e um universo interessante de sons para oferecer para a gente. É um intercâmbio interessante", acredita Ysianne Reis, 25. No sábado, a servidora pública preferiu se definir como roqueira de profissão. "Sigo as bandas, sou uma apaixonada pelo rock e sua bandeira de contestação e paz", afirmou.

Para Ari de Barros, organizador do Ferrock há 24 anos, essa é a principal meta do evento. "Desde o início, queríamos reunir as pessoas em torno de um som que promovesse a paz e o engajamento da sociedade em cultura e cidadania. Por isso, sempre associamos o evento à doação de agasalhos, brinquedos e, no caso deste ano, alimentos", conta, idealista. De um evento que nasceu da reunião de amigos em torno de um 3 em 1, aparelho de som que unia toca-discos, fita k-7 e rádio, o Ferrock cresceu de forma inesperada.

Depois de receber Angra, Ira e Ratos do Porão em edições anteriores, a organização se voltou novamente às pequenas bandas. "O convite aos grupos nordestinos exigiu um pré-requisito. Pelo menos um dos integrantes tinha de idealizar projetos culturais, seja atuando nas comunidades carentes ou divulgando artistas e ideais por meio de zines", explicou.

De mão em mão
A noite também foi proveitosa para o lançamento da coletânea comemorativa do Zine Oficial, um fanzine que existe há três anos no Distrito Federal. As revistas com impressão de baixo custo ficaram famosas entre o público do cenário underground. A partir dos textos de fãs, divulgação de eventos e novas bandas, eles conquistaram popularidade e o consequente apoio para a compilação de um CD com 24 músicas gravadas em estúdio por bandas do DF e Entorno. Todos os textos publicados no zine podem ser lidos em www.zineoficial.com.br.

Correio Brasliense